domingo, 15 de fevereiro de 2009

Motivação e dedicação

Uma prática Mahayana não é considerada ´completa` sem duas ações, uma no começo e uma no final. A primeira ação é gerar nossa motivação, ou o trazer à mente, o porque de nossa prática, seja ela de dez minutos ou duas horas.
A segunda ação é a dedicação da prática, para paz mundial, a saúde de alguém, à iluminação, por exemplo. Sem a dedicação no final, a prática parece implodir sobre si mesma e morrer ali, sem mais frutos ou energia. Um pouco como receber um Óscar, pegar a estatueta e sair do palco, mudo.
A motivação inicial serve para trazer o que é de benefício para nós, para que seja benefício a todos os seres. Geramos então equanimidade, compaixão, amor, uma correta visão da realidade, a Bodhichitta e tentamos manter nossa mente neste ´trem` durante o percurso da prática.

Tsong Khapa diz:
“Temos que gerar estes pensamentos de motivação antes da sessão de meditação ou puja, mas apenas desenvolver-los não é o suficiente. Devemos manter-los constantes e contínuos durante a prática. Não só isso, como devemos tentar aumentar a motivação o máximo possível. É um erro pensar que já que são práticas preliminares é desnecessário ter uma contínua familiaridade com tais motivações, ou que seja desnecessário trabalhar o tempo todo para que não degenerem, ou que ´enviar` estas motivações no começo já basta.

Também é um erro pensar sobre estes aspectos da prática como migalhas ou meros detalhes que podem ser deixados de lado e ignorados enquanto nos concentramos na prática ´principal`. Pensar de qualquer uma destas maneiras significa não compreender o ponto essencial do caminho. Meditações sem os pensamentos iniciais, e principalmente sem a geração de Bodhichitta se tornam práticas que se parecem com o Dharma mas que não terminam no resultado desejado.

Meditar na Bodhichitta no começo de uma sessão e dedicar todo o mérito em direção à iluminação, com grandes ondas de preces no final da sessão, é na verdade um grande meio hábil (skilful means) que leva o mérito gerado durante a parte principal da prática ao objetivo e o torna inextinguível. Sendo este o caso, devemos estar certos de misturar estes dois aspectos com nossa mente, nunca nos permitindo agir negligentemente ou de qualquer maneira.”

(do livro Life & Teachings of Tsong Kapha, editado por R.Thurman)

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