quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Generosidade


A Perfeição da Generosidade é um dos caminhos ou atos do Bodhisattva.
Podemos dar o Dharma, Amor, Proteçao ou Bens Materiais.
Mas como o dar se torna uma Perfeição?
Vejamos o dar material aqui.
Talvez seja mais fácil ver o que não torna este ato uma Perfeição, digno de um Bodhisattva.

  1. Se nos achamos incrivelmente morais ao dar algo e criticamos os ´imorais` que não dão.
  2. Se arrepender do ato de dar ou sentir se inferior perante alguém que deu mais.
  3. Dar com parcialidade, fantasiando retribuições futuras como fama.
  4. Julgar que os outros estão sofrendo ´naturalmente`então não merecem.
  5. Não dar por medo de se tornar um indigente, ou seja, perder tudo, ficar pobre.
  6. Dar com atraso, depois de causar sofrimento e tormento.
  7. Dar mencionando sua ´bondade`.
  8. Dar em pequenas doses quando o certo seria dar de uma vez só.
  9. Quando envolve o roubo.
  10. Dar empregados ou serventes que não querem ´ser dados`.
  11. Dar depois de depreciar o pedido ou necessidade.
  12. Dar somente depois de se acumular por longo tempo.

Todas estas formas de Dar devem ser abandonadas.

Não se deve dar se:

-Causa depressão imediatamente depois do ato ou depois.
-Os pedintes não são amigáveis e cinicamente falam sobre a generosidade e caridade para lhe atormentar e/ou influenciá-lo a agir de uma forma contrária ao seu bom senso.
-A espíritos malignos, demónios, alguém sob o efeito de magia.

O estilo ´Robin Hood` de dar não é correto também, tirando de um para dar ao outro.
Nunca devemos perder a oportunidade de dar,
"O que não é dado, perde a validade. O que é dado, gera um tesouro"
(Paramitasamasa, I, 49-54)


O dar perfeito, se realiza quando o ato é acompanhado da mente que realiza a não existência inerente do doador, do receptor e do objeto. Quando perdemos algo, sofremos porque acreditamos que aquilo nos pertencia, quando na realidade não existe um ´eu` a quem o objeto pode pertencer e nem um objeto em si. Projetamos significado, existência própria, identidade e nossa própria felicidade em algo que não tem como sustentar nada disso. Nós existimos, mas não da maneira como pensamos que existimos, e isso é o que gera o sofrimento.

Um comentário:

  1. Outro dia alguém me deu um conselho..... queime o que voce mais gosta.
    Pronto, fiquei num beco sem saída e ainda de saia justa. Porque? Mudei 3 vezes nos ultimos anos e ainda me lembro de objetos queridos, que estão ecaixotados ou ensacados mofando. Percebi que do que mais gosto é de vida.
    Se conselho fosse bom a gente vendia...
    Entendo e aprendi que Nada pode sustentar a felicidade a não ser a compreensão de que o doador, o generoso, tem a mesma natureza que o mendigo. Os dois projetam felicidade. O que é ilusão e não tem sustentabilidade alguma. Tudo é uma grande corrente, onde cada elo deve ter qualidade, senão a corrente quebra e o resultado é sofrimento, guerra, conflito.
    Essa é a responsabilidade de cada um de nós. Fazer o possível para manter CADA elo. Da melhor forma que pudermos, assim como nós mesmos.

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